sexta-feira, 1 de março de 2024

O MENINO DO PIJAMA LISTRADO

 O MENINO DO PIJAMA LISTRADO

Diretor Mark Herman
Ano 2008

Durante muito tempo, vários amigos vieram me falar sobre O menino do pijama listrado. Eu procrastinei muito para assistir ao filme. Não sei por quê, mas o fato é que mais uma vez eu tenho que dizer. Este é mais um filme que eu me arrependo de não ter assistido antes.


O menino do pijama listrado é a adaptação do livro de mesmo nome escrito por John Boyne. Assim como o livro, o filme parece ter a função de mostrar ao público a barbárie que foi a Segunda Guerra Mundial. Assim como outros filmes de guerra, eu não sei se o filme cumpre sua função. Talvez não. Acredito que é possível ter um breve vislumbre do que foi a Segunda Guerra Mundial, mas a verdade é que nós nunca saberemos de fato como foi.


Porém, não estar presente não significa que nós não possamos conhecer quem foram as vítimas de um dos piores capítulos da história da humanidade. Judeus, homossexuais, negros. Dezenas e centenas de pessoas sendo mortas sem ao menos terem chance de lutar.


No entanto, O menino do pijama listrado aborda uma perspectiva diferente desse cenário horrendo. E é isso que você confere agora. E para quem não assistiu, eu vou avisando que terá spoiler. Se você não assistiu, eu recomendo que você pare sua leitura bem aqui, vá assistir ao filme e depois retorne. Eu não quero estragar o que pode ser uma das maiores experiências cinematográficas da sua vida. 


O filme conta para o público a história de Bruno, um menino alemão de oito anos, que acaba sofrendo com a mudança repentina de seus pais para outro lugar. O menino sofre por ter que se separar dos amigos e depois, no novo lar, sofre pela falta de amigos.


Seu pai é um oficial nazista do alto escalão, e devido ao seu trabalho acaba tendo que se mudar com a família. Em seu novo lar, Bruno precisa se adaptar à sua nova vida. Diferente do seu antigo lar, agora ele e sua irmã não frequentam a escola. Um professor vai até a residência para ensinar-lhes.


Vivendo em um lar diferente, e tendo uma vida monótona, Bruno não deixa de notar que um dos criados que trabalha na casa dos pais usa, o que ele acredita ser um pijama listrado. Bruno estranha a vestimenta do homem e tenta entender o porquê daquilo. E também o fato do homem dizer ser um médico, mas trabalha na casa descascando batatas.


Seu pai, um homem aparentemente amoroso, porém rigoroso, está sempre trabalhando e mal tem tempo para a família. Sua irmã está cada vez mais atraída pelas ideias nazistas. E sua mãe, a única que realmente parece se importar com o menino, está sempre criando regras para que ele não saísse da propriedade que a família ocupava.


No entanto, Bruno, assim como toda criança, acaba burlando uma das regras da mãe, sobre atravessar os portões de madeira e sair da propriedade. Ele vai parar próximo há uma cerca e lá acaba fazendo amizade com um menino que tem quase a sua idade.

Ali, às margens dos campos de concentração, nascia uma grande amizade entre Bruno e Shrmul, O menino do pijama listrado. Enquanto os países lutavam uma guerra, a pureza e a inocência daqueles meninos mostravam que, independente do lado, sempre haveria pequenos inocentes pagando pela arrogância e crueldade daqueles que se julgavam melhores.


As idas e vindas às margens do campo de concentração, Bruno e Shrmul, se encontraram ao longo de vários dias. Isso criou um elo forte entre os dois. Porém, em uma das cenas em que Shrmul está fazendo um trabalho na casa de Bruno, a amizade acaba sendo abalada quando Bruno confere liberdade ao menino para comer um pedaço de bolo.  Um oficial acaba pegando o menino no flagra. Bruno, pressionado, acaba delatando o amigo.


Bruno se arrepende, chora e lamenta por delatar O menino do pijama listrado. Se sentindo mal pelo que havia feito, ele vai ao encontro do amigo, que não estava lá. Mas voltando outra vez, ele o encontra e pede desculpas pelo que havia feito.

É incrível como o roteiro vai conduzindo o telespectador por um caminho desconhecido, ao qual não se sabe muito bem o que vai acontecer. Você sente angústia, sente prazer na amizade dos amigos, mas, ao mesmo tempo, sente que tudo não passa de uma grande armadilha, não só para os personagens, mas para o público que acompanha a narrativa apreensiva.

A resolução do conflito

Esse é o ponto mais alto do filme. Muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Bruno está prestes a se mudar novamente. Ele precisa ir, mas não quer ir sem antes se redimir com Shrmul, pelo que ele havia feito na casa. O pai de Shrmul havia desaparecido. E Bruno se propõe a ajudar Shrmul a procurá-lo. Mas, vestido com roupas comuns, Bruno seria descoberto, então a solução é vesti-lo com um pijama listrado. 

Após vestido, Bruno passa pela cerca e se junta ao amigo, com a missão de encontrar o pai de Shrmul e se redimir. O filme é cheio de tensão, mas esse momento é aquele momento que a montanha-russa faz aquele giro de 360 graus. A essa altura, você já imagina o que está prestes a acontecer. A mãe de Bruno sente falta do filho e todos começam uma busca pela probidade, chegando até os limites da casa. Lá, eles descobrem uma janela que os levava direto ao campo de concentração. 


No campo, os oficiais, de forma violenta, começam a organizar os prisioneiros. Pedem para que eles tirem as roupas. Ninguém sabe o que está acontecendo. Todos vão sendo conduzidos rapidamente para outra ala do campo de concentração. Aquilo que descobrimos ser uma sala de gás. É agoniante acompanhar os homens conduzidos por um caminho sem volta. E Bruno? Ah, pequeno Bruno! Vítima de uma guerra a qual nem sabia que existia. Assim o amável Shrmul.

A cena é finalizada ao som da nossa bela Vera Farmiga dando seu grito de dor enquanto a chuva se mistura a suas lagrimas. Aquela mãe sabia, sabia que seu inocente filho não ia mais voltar. O filme termina deixando aquela sensação de impotência, mediante a uma situação que sabemos que precisamos fazer algo, mas nada podemos fazer.

Bom esse é o meu texto sobre O menino do pijama listrado. De fato não saberemos como foi a Segunda Guerra Mundial, mas o cinema e a literatura cumprem a função de permitir que presente espie o passado. Bom, por hoje é só. Não esqueça de deixar seu comentário e dizer o que achou do filme.


Autor Alisson Dias


quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

REBEL MOON - PARTE 1: A MENINA DO FOGO

 Rebel Moon - Parte 1: A Menina do fogo

Ano: 2023
Diretor Zaky Snayder


Há 30 anos, Zack Snyder e George Lucas iniciaram um projeto juntos, cujo objetivo era fazer um filme com uma história paralela, mas que se passasse no mesmo universo do clássico Star Wars. Sim, esse filme era Rebel Moon - A manina do fogo. Mas infelizmente o projeto não foi para frente. 


Rebel Moon ficou engavetado por 30 anos, até finalmente ser exibido ao público. Tempo suficiente para criar uma história impactante que conquistasse os cinéfilos de plantão. Mas será que o objetivo foi alcançado? Isso você confere agora, lendo meu texto.


Lançado em dezembro de 2023, Rebel Moon conta a história de kora, uma jovem misteriosa, que acaba se tornando a única esperança de salvação para uma colonia de agricultores, que recebem um ultimato para darem a maioria de sua colheita para o Mundo-mãe.


O Temido Balisarius, citado no filme, é o general que comanda a tropa de guerra, que segundo Kora, destruiu seu mundo, matando sua família e todos que ela conhecia. Balisarius a levou para criá-la e ensiná-la a ser uma guerreira. Kora então foge e acaba indo parar na colonia dos fazendeiros.


Snyder bebeu muito de Star Wars

O filme Rebel Moon tem uma premissa boa. Porem, o acumulo de informações e personagens sem contexto faz com que a história não se desenvolva. Snyder bebeu muita da fonte Star Wars, Criando um universo gigante, com grande potencial. Mas para infelicidade dos fãs, o filme não entrega tudo que promete.


A premissa básica, de uma guerreira misteriosa, seria o suficiente para criar uma história um pouco mais profunda. Kora é apresentada como uma camponesa humilde, vivendo sua vida simples. Depois descobrimos que ela é uma fugitiva do cruel Balisarius. Isso torna tudo mais interessante. A história de Kora, a protegida de Balisarius, que usa seu treinamento para proteger os agricultores poderia ter funcionado, se não fosse o acumulo de informações que Snyder insere na história.


Paralelo à história central, descobrimos que um exército de robôs juraram proteger o rei. Mas após o assassinato do monarca, os robôs fizeram votos de não lutar. Kora parte com Gunnar, um fazendeiro, em busca de guerreiros para ajudá-los a defender a colonia.  Os personagens vão sendo inseridos na história, mas sem profundidade. É difícil criar empatia por eles. Kora, a nossa heroína tem uma profundidade maior no enredo. Mas não podemos dizer o mesmo de seus amigos, que nos são apresentados de modo superficial.


Jornada do herói

Não é segredo para ninguém que George Lucas criou o universo de Star Wars a partir dos ensinamentos escritos por Joseph Campbell, no livro O herói de mil faces. Desenvolvendo em sua obra o monomito (A jornada do herói). É perceptível que Snyder se utiliza da mesma estrutura narrativa para desenvolver a história de kora. O problema é que isso acaba ficando bastante óbvio para o público.


Slow motion

Sabemos que a técnica slow motion é marca registrada do diretor, e dizer que não é legal seria mentira. Porém, Zack Snyder acertaria mais se diminuísse o uso da técnica.


Narrativa arrastada

No desenvolvimento da história, kora parte em busca de aliados, para lutarem contra o mundo mãe. Para os agricultores, seria mais fácil mostrar a utilidade braçal do que lutar, mas kora sabia que uma nave de guerra do mundo mãe resultaria em extermínio daquele povo. A maior parte do filme ela procura por aliados. Coisa que poderia se desenvolve nos primeiros 30 minutos de filme. A apresentação dos personagens teve mais tempo do que o conflito, e a resolução acabou ficando para a parte 2.


Rebel Moon tinha potencial para ser incrível. Uma mistura de fantasia, com tecnologia e ficção científica, cheio de cenas de ação, eram ingredientes perfeitos para endossar esse prato, dando vida a uma franquia tão grande quanto Star Wars. Coisa difícil de acontecer. Talvez se Snyder não focasse tanto no universo de George, e tentava criar algo mais original, possivelmente a experiência seria outra.


Mas acredito que vale a pena assisti-lo. Snyder é um ótimo diretor, e suas obras sempre dividem opiniões. Por isso, assista Rebel Moon. Talvez você goste, talvez não.


Autor Alisson Dias

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

ELA

 Ela

Ano 2013

Diretor Spike Jonze

Em um futuro não muito distante, Theodore inicia uma amizade com Samantha. Ela é alegre, inteligente, inspiradora, companheira e sonhadora. Conversa sobre qualquer assunto, tem opinião e personalidade forte.


Por outro lado, Theodore acabou de sair de um relacionamento. As coisas pararam de dar certo, e sua ex decidiu dar fim a relação. Theodore sofre com o fim da relação e fica bastante vulnerável. O jeito meigo de Samantha faz com que ele se apaixone por ela, permitindo que mais uma vez ele acredite no amor.


O problema é que Samantha, nada mais é, do que um sistema operacional de computador. Ela é uma ferramenta de Software criada para auxiliar as pessoas em suas tarefas do dia a dia. Samantha atua como uma secretária virtual, será que isso soa familiar para você caro cinéfilo?


O Filme Ela se utiliza da tecnologia para criar uma atmosfera futurista, abordando questões filosóficas como a busca pela felicidade. Theodore é um escritor, que passa a maioria do tempo escrevendo histórias que podem cativar e dar esperança para outras pessoas. Mas o fim do seu relacionamento deixa um buraco profundo dentro de si. 


Seu relacionamento com Samantha, faz com que Catherine, sua ex esposa, o questione. Ela demonstra estar vivendo sua vida normal, mas o fato de Theodore viver um relacionamento digital, a perturba. Para ela, Theodore esta procurando uma forma de não encarar a realidade. Mas será que essa realmente é a razão para que ela fique brava? Ou talvez seja o fato dele esta feliz? E será que se pode ser feliz com uma IA?


O Filme Ela tem uma história bem construída. Joaquin Phoenix faz um trabalho incrível ao dar vida a Theodore. Que mostra para o público grandes momentos de sua vida. O luto após o termino, e a felicidade, ou a crença nela, após iniciar o relacionamento com Samantha e é claro, a frustração de viver um relacionamento com um sistema operacional.


Apesar de possuir um roteiro cinzento, a direção de arte se utiliza de uma paleta de cor bastante vívida. O tom colorido que o filme possui ajuda tirar um pouco do drama vivido por Theodore. 


Acredito que se você ainda não assistiu, vale apena. O filme Ela levanta grandes debates sobre o amor, a vida, a solidão, a traição e a busca pela felicidade. Se você assistiu deixe sua opinião e se não assistiu, corre que dá tempo.


Autor Alisson Dias






terça-feira, 5 de dezembro de 2023

GUERRA AO TERROR

GUERRA AO TERROR
Ano: 2008
Diretor: Kathryn Bigelow


Vencedor do Oscar, o filme Guerra ao terror escrito pelo jornalista Mark Boal e dirigido por Kathryn Bigelow não é um filme para quem tem estômago fraco. O filme narra a realidade da guerra ao terror a partir do ponto de vista da cineasta Kathryn Bigelow que faz escolhas ousadas, porem assertivas para conduzir a narrativa, e isso você confere agora.


Na história, acompanhamos três membros da equipe norte-americana de desarme de bombas da guerra ao terror do Iraque. Sargento William, sargento Sanborn e o especialista Eldridge, juntos, os três vivem o horror da guerra, e mostram como essa droga influenciam suas vidas. O roteiro é baseado nas experiências vividas pelo jornalista Mark Boal. Guerra ao terror retrata um pouco da guerra que se iniciou após os atentados do 11 de setembro.


Quando assistimos a filmes sobre guerra dirigido por homens, não há nada de novo nisso, mas quando é uma mulher assinando a direção, aí já é outra história. Isso porque, o público nunca espera que as mulheres dirijam filmes sobre guerra, gângster, mafia, etc. A verdade, é que sempre esperamos por algo mais "tranquilo", talvez um “felizes para sempre”, mas não é isso que podemos esperar do filme Guerra ao terror. Bigelow rompeu o estereótipo e mostrou sua visão sobre a guerra de forma inédita e magnifica.


O filme começa com uma citação do livro War is a force that gives uns meaning, do jornalista norte-americano Chris Hedges: “O fragor da batalha é um vício poderoso e com frequência fatal, pois a guerra é uma droga”. O filme mostra como esse vício afeta a psique humana. 


Durante os primeiros nove minutos de filme, não vemos muita coisa de interessante. De forma bem tranquila, Kathryn apresenta alguns de seus personagens mais importantes para o desenvolvimento da história. A primeira cena segue normal com diálogos bobos e soldados bem tranquilos, apesar do cenário perigoso. Quando de repente somos surpreendidos por um homem segurando um celular bem na hora do desarme de uma bomba.


Uma gritaria desesperada se inicia: "larga o celular" "larga o celular" gritava um deles, enquanto o outro gritava "atire nele" "atira nele". Enquanto isso, o sargento Matt (Gay Pearce) que estava próximo à bomba começa a correr. Ele não entende o que eles falam, mas percebe que tem algo errado. A alta-tensão da cena indica que alguma coisa está para acontecer, mas mesmo assim nós telespectadores ignoramos, quando de repente somos surpreendidos por uma explosão: O sargento Matt cai morto.


Kathryn se utilizou da técnica Slow, para que as coisas acontecessem sem muita pressa, aumentando a tensão entre os personagens e a falta de folego no público, que ansiosamente assiste à cena totalmente incrédulo. Rapidamente somos transportados para dentro da história, e compreendemos que o filme está tratando uma questão séria: vítimas da guerra ao terror.


O filme tem uma atmosfera pesada, mas você não quer parar de assisti-lo. Bigelow não se preocupa em se aprofundar na história dos protagonistas, mas isso não impede que o público crie empatia por eles. Bigelow conduz o filme como se fosse um documentário. Câmera na mão, cenas tremidas, cenas desfocadas fazem parte dessa obra de arte.


Bigelow tem o poder de conduzir o telespectador para dentro da história. Rimos em alguns momentos, nos preocupamos em outros e sentimos tristeza. A final de contas, quem não lembra da triste cena do sargento William chorando após encontrar o corpo do menino Beckham, o vendedor de DVDs, morto pelos terroristas?


Após o conflito estabelecido, algumas cenas deixam claro o conflito interno entre os personagens e os impactos causados pela guerra. Em uma dessas cenas, após o sargento William voltar para buscar as luvas que havia esquecido, próximo a uma bomba, o sargento Sanborn pega um detonador e conversa com o companheiro sobre o dispositivo ser acionado acidentalmente. Cansados de trabalhar ao lado do sargento inconsequente, Sanborn cogita matá-lo e Eldridge não demonstra espanto algum.


Guerra ao terror é um filme forte por tratar a realidade da guerra. O risco que os soldados precisam enfrentar todos os dias para desarmar uma bomba aqui, outra ali. A tensão presente sempre que encontram uma bomba, que pode explodir a qualquer momento. Sem mencionar os civis que não tem culpa de nada. 


Guerra ao terror é um filme que vale apena assistir. Ele deu a Kathryn Bigelow o sucesso e o crédito de se tornar a primeira mulher a ganhar um Oscar de melhor diretor.



 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

PSICOSE - A GENIALIDADE DE HITCHCOCK

 

Psicose - A Genialidade de Hitchcock

1960

Alfred Hitchcock

Psicose tinha tudo para ser só um filme, sobre uma mulher que rouba a empresa em que trabalha e foge. Sinceramente eu ainda não consigo lembrar de nenhum filme que tenha uma história tão simples quanto.

Pegar uma história simples e contá-la de forma simplesmente brilhante talvez seja uma tarefa difícil para qualquer cineasta, mas quando esse cineasta se chama Alfred Hitchcock a história é outro, e o filme alcança um patamar inesperado.

Mas chega de lenga, lenga! Vamos ao que interessa! Vamos falar sobre o clássico: Psicose - A Genialidade de Hitchcock porque ele é um filme impactante. Vamos à história do filme!

Filme

Na história do filme Psicose - a Genialidade de Hitchcock, a secretária Marion Crane (Janet Leigh) fica encarregada de depositar o dinheiro da empresa a qual trabalhar. Porém, tentada pela continha de 40 mil dólares, ela começa a cogitar a possibilidade de roubar o dinheiro e fugir com o amante.

Marion acaba pondo seu plano em prática e foge com o dinheiro. Ela cai na estrada e pegando uma chuva pesada ela acaba indo parar no Bates Motel. Lá ela conhece o gentil Norman Bates (Anthony Perkins), o recepcionista e filho da dona do hotel, que estava doente.

Como qualquer pessoa que faz algo de errado e se arrepende, Marion começa a pensar no que havia feito, e considera a ideia de voltar e devolver o dinheiro. Não demorou muito para que ela decidisse voltar.

Cena do chuveiro

Nesse ponto da história somos conduzidos a uma das maiores cenas da história do cinema. Que sem dúvida causaria no público uma estranha confusão.

Marion está tomando banho (talvez tentasse expurgar seus pecados), quando surpreendentemente é esfaqueada. É impossível a cena não permanecer viva na minha mente.

A personagem de Janet Leigh sendo esfaqueada ao som da trilha sonora de Bernard Herrmann foi impactante e revolucionou o cinema, estabelecendo novos padrões para o gênero suspense/terror.

A genialidade de Hitchcock

O cineasta levou a tensão febrilmente. Sua ousadia ao matar sua personagem em poucos minutos de filme casou estranheza ao público, mas estabeleceu uma nova linguagem cinematográfica.

Por mais que a cena do chuveiro seja um marco, o filme é recheado de cenas pensadas para causar grande impacto no público. A cena que Lila caminha em direção à casa grande, Hitchcock faz a combinação de dois elementos cinematográficos: plongê e contra-plongê. Ambos usados em diferentes situações.

Em uma linguagem pouco chula, o plongê, por exemplo, é quando a câmera está com seu foco para baixo. Já o contra-plongê é quando a câmera foca no objeto de baixo para cima.

Ao intercalar os dois planos, Hitchcock criou uma cena de enorme suspense. Ele tornou-a ainda mais assustadora ao sugerir que o plongê pode representar o PV de um personagem oculto.

Se você ainda não assistiu psicose, essa é a minha recomendação.

Autor Alisson Dias

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

BLACK MIRROR - A SÉRIE DE UM FUTURO PRESENTE

 

BLACK MIRROR - A SÉRIE DE UM FUTURO PRESENTE


Eu sempre ouvia meus amigos comentarem sobre Black Mirror, também cheguei a assistir alguns vídeos sobre essa série. Eu custei a assistir, e hoje eu compreendo o quão louco eu fui por postergar por tanto tempo para maratona uma das séries mais incrível de todos os temos.

Criada por Charlie Blooker e lançada em 2011, a série Black Mirror é mais uma daquelas obras de ficção cientifica que levanta uma pergunta bem antiga; “A vida imita a arte ou a arte imita a vida”

Uma série de um futuro presente

A série Black Mirror é um compilado de histórias que se passam em um futuro não tão distante, onde as pessoas estão cada vez mais dependentes da tecnologia. As histórias são repletas de tecnologia e traça um paralelo entre valores éticos e morais.

Lentes de contatos que estão mais para “câmeras de contato”, dispositivos que ligados ao cérebro de um individuo permite que os outros vejam os pensamentos do outro, transplante de alma para outros corpos ou objetos (Como um ursinho de pelúcia), um programa que transporta a alma para um mundo criado, que funciona mais como um paraíso.

Black Mirror a série de um futuro presente, tem de tudo. Desde histórias inspiradas em trotes de faculdade, como homenagem a outras obras clássicas da TV Com 5 temporadas (até o momento) os episódios de cada temporada variam de 3 a 5 por temporada.


Black Mirror não é criação da Netflix

Para quem é fã e acredita que a série é lançamento original da Netflix, está enganado. A série foi lançada em 2011 pela emissora Channel no Reino Unido. Foi só em 2015, quatro anos mais tarde, que a Netflix comprou os direitos da série.

Inspiração

Charlie Blooker deixa claro que bebeu da fonte de várias obras cinematográficas de sucesso. A série Além da imaginação (1956-1964, por exemplo, é uma dessas fontes; assim como em Black Mirror, Além da imaginação também traz um compilado de histórias. Em cada um dos episódios, uma história mais bizarra que a outra.

O que faz Black Mirror tão especial

Eu não vou dar spoiler sobre a série, mas é valido dizer que Black Mirror, a série de um futuro presente, faz uma crítica acida a nossa sociedade atual. Acredito que essa critica que torna Black Mirror tão especial.

É difícil dizer qual é o melhor episódio de Black Mirror; mas é fácil citar aqui alguns dos episódios mais marcantes. Vou citar alguns deles para vocês sentirem o gostinho. Começando pelo primeiro episódio, que conta a história de uma princesa sequestrada. O primeiro-ministro é o único que pode salva-la, e a única forma de fazer isso, é fazendo sexo com um porco em rede nacional.

Em outro episódio, uma mulher precisa manter seus status nas redes sociais para ser considerada uma pessoa de boa índole. Então ela faz de tudo para agradar às pessoas e receber algumas estrelinhas. O mais engraçado, é que fazemos isso o tempo todo. Postamos fotos, vídeos, tiragens, na tentativa de receber algumas curtidas.


Black Mirror faz parte do catálogo da Netflix e se eu fosse você não ficava de fora dessa, e entrava logo para a lista de fãs da série, você não vai se arrepender.

Autor Alisson Dias

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

COACH CARTER - TREINO PARA A VIDA

 Coach Carter - treino para a vida

Ano: 2005
Diretor: Thomas Carter


Como estudante e amante de cinema, eu acredito que cada filme tem seu objetivo; seja ele, fazer as pessoas se mijarem de rir ao assistirem uma comédia estilo As Branquelas, chorarem de emoção com aquele drama estilo Titanic, se tremerem com a franquia de Pânico ou o terror mais atual, invocação do mal e por ai vai. Os gêneros são muitos, assim como a lista de filmes é grande.

TODO FILME TEM ALGO PARA DIZER


Hoje eu percebo, que além do filme despertar todas essas emoções no telespectador, ele também tem uma função primordial. Ao decorrer do filme e muitas vezes no final o filme cumpre a função de transmitir uma mensagem para quem o assisti. Por isso, como amante do cinema, eu afirmo que todo filme tem o poder de falar com o telespectador. Não que isso seja uma novidade haha.

É claro que nós roteiristas, diretores, estudantes de cinema sabemos que o filme é planejado desde o roteiro até o resultado. Não podemos se esquecer que um filme é uma arte; ele pode ser feito tanto para entretenimento, como para transmitir uma mensagem. E algumas mensagens presentes nos filmes são mais claras em uns do que em outros. Esse é justamente o caso de COACH CARTER TREINO PARA A VIDA. 

BASEADO EM FATOS REAIS


Lançado em 2005, o filme COACH CARTER TREINO PARA A VIDA, conta a história do ex-jogador de basquete Kenny Ray Carter. Kenny jogava para o time de basquete da escola, onde começou a se destacar e foi para faculdade George Fox University.

Depois da faculdade, Kenny se casou e teve um filho, Damien. Ele se tornou empresário de uma loja de artigos esportivos. Em 1997 se tornou técnico do time de basquete da Richmond High School, onde jogou quando era jovem.

Filme


No filme COACH CARTER TREINO PARA A VIDA vemos o gigante da atuação Samuel L. Jackson dar vida ao brilhante Kenny Ray Carter. Samuel não deixa a desejar e incorpora o diretor casca grossa. No primeiro encontro entre Carter e seus jogadores, que também eram alunos da Richmond, Carter começa a citar as regras.

E é claro que como toda mudança gera desconforto, as regras de Carter eram mudanças que geraram desconforto nos jogadores/alunos. Não satisfeito, um dos alunos tenta agredir Carter que esperando o ataque, se protegeu e expulsou o jogador.

Não apenas esse método de expulsão, mas vários outros métodos de Carter eram formas que ele encontrou para disciplinar seus jogadores. Para alguns, alguns daqueles métodos estavam ultrapassados. Como a proibição dos alunos treinarem ou jogarem, enquanto os alunos não tirassem notas altas.

Kenny Ray Carter, ou Sr. Carter conforme chamado no filme, tinha um propósito naquela escola. Em uma cena do filme ele começa a ler para os alunos as estatísticas negativas sobre os jovens da periferia que viviam naquela região e frequentavam aquela escola. 

Uma porcentagem seria presa, outra morreria e poucos frequentariam a faculdade. Carter tinha uma missão, que era preparar aqueles meninos para a vida. Carter ensinou que não bastava jogar, era preciso ser disciplinado, honrado e o maior dos ensinamentos: perder no jogo fazia parte da vida, mas vencer na vida era uma opção.

Eu poderia ficar aqui escrevendo sobre os pontos altos e baixos do filme COACH CARTER TREINO PARA A VIDA. Não seria demais pelo fato do filme ser fantástico. Ele não tem cenas complexas e extremamente difíceis de gravar, não tem efeitos especiais mirabolantes. Mas é um filme feito para contar uma história e transmitir uma mensagem. E assim foi feito.

Se você ainda não assistiu COACH CARTER TREINO PARA A VIDA, eu super recomendo. Sua mensagem é universal e atemporal. Nesse momento o filme está disponível no catálogo da Netflix.

Autor Alisson Dias

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

WANDINHA - A NOVA QUERIDINHA DA NETFLIX

 Wandinha - A nova queridinha da Netflix

Ano 2023


Em 23 de novembro a Netflix presenteava o público com uma série que em pouco tempo se tornaria a nova série queridinha do streaming, “Wandinha”. Alguns devem se perguntar as razões que fazem com que Wandinha seja a série mais amada do momento.

Pois bem! Caro cinéfilo, eu estou aqui justamente para responder essa e várias outras perguntas, não apenas sobre a nossa querida personagem, mas, neste artigo, quero presenteá-los falando um pouco sobre sua origem, sua família e os bastidores de Wandinha.

Família Addams

Criada em 1932 pelo cartunista Charles Addams, a família Addams teve sua primeira aparição nos quadrinhos. Gomes, Mortiça, Wandinha, Feioso, Vovó, Tropeço, Mãozinha e It. São os personagens dessa família tão peculiar. A personalidade própria de cada um personagem foi sem dúvidas os ingredientes perfeitos para que a família se tornasse tão popular.

Não tinha como dar errado!

Quando você pega algo que já é bom e entrega para ótimos profissionais, o resultado esperado precisa ser perfeito, e é justamente isso que acontece. Tim Burton é o rosto principal por trás de Wandinha.

Tim Burton tem uma vasta filmografia. Ele é diretor de diversos filmes, alguns são verdadeiros clássicos do cinema. O Estranho mundo de Jack, Noiva cadáver, Os fantasmas se diverte, Alice no país das maravilhas, Edward mãos de tesouras e vários outros. 

Diferente de outros trabalhos sobre à família Addams, Tim Burton cria um trabalho inteiramente focado em Wandinha; fazendo a junção da personalidade sombria que a personagem tem com seu estilo próprio de trabalhar.

Tim Burton explora uma das áreas mais profundas da filosofia; a estética do belo e do feio, me fazendo lembrar do clássico de Mary Shelley, Frankenstein. Em nenhum momento Tim parece se preocupar em enquadrar Wandinha na sociedade moderna. Porem isso acontece de forma orgânica. Wandinha acaba sendo a personificação da mulher moderna, independente, etc.

Por pouco Tim Burton não seria o produtor da série e muito menos dirigiria alguns episódios da série. O motivo seria pelo fato de o diretor ter um filme engavetado dos Addams.

Elenco

Além de Tim Burton ser o rosto principal por trás da série Wandinha, ele não é o único. O elenco também conta com nomes importantes para compor o elenco como Christina Ricci (Família Addams), Luis Guzmán (O conde de monte cristo), Gwendoline Christie (Game of Thrones), Catherine Zeta Jones (Zorro). Christina Ricci inclusive chegou a dar vida a personagem Wandinha em dois filmes na década de 90.

Jenna Ortega

Hoje quem dá vida à Wandinha é a jovem atriz americana Jenna Ortega. E apesar de Wandinha ser uma adolescente de dezesseis, Jenna Ortega tem 20 anos, e para quem não sabe, Wandinha não é primeiro trabalho da atriz.

Antes de dar vida a Wandinha, Jenna participou de trabalhos como a série Jane a virgem, onde ela interpreta a protagonista Jane mais nova, também integrou o elenco do filme Babá: Rainha da morte e quase foi vítima de Joe Goldberg, o Stalke mais famoso do momento, protagonista da série YOU.

Além dos trabalhos já citados, Jenna também participou de clássicos do cinema como o remake de 2014 Os Batutinhas e Pânico 5. É possível que ela esteja escalada para integrar o sexto filme da franquia.

A série foi um sucesso e está no top 10 da Netflix. Agora nos resta aguardar por uma segunda temporada. E se você ainda não assistiu Wandinha, A série da Wandinha está disponível na Netflix.

Autor Alisson Dias

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

O MÁGICO DE OZ - 1939

 O mágico de Oz – 1939

Em 1939 chegava aos cinemas a adaptação de O mágico de Oz, escrito por L. Frank Baum. Baum não sábia, mas sua história marcaria o período clássico da história do cinema mundial. Com Victor Flamming na direção, o filme marcou não só a época em que foi lançado, mas continua chamando a atenção de telespectadores e profissionais do cinema.

História

Na história, conhecemos uma menina órfão de 11 anos que mora com os tios em uma fazenda no Kansas (ESTADOS UNIDOS). A menina é Dorothy. Uma criança que mesmo tendo pouca idade já enfrenta seus próprios problemas. O filme nos apresenta uma menina solitária cujo sua melhor companhia é seu cãozinho chamado totó.

Após seu cãozinho ser levado embora por uma vizinha, Dorothy fica triste e passa a sonhar com um lugar aonde as dores da vida real não existem. Em uma das cenas mais lindas do cinema, vemos encantadora atriz Judy Garland cantar a música over the Rainbow (além do arco-íris).

Para a felicidade de Dorothy, totó foge. A menina, então, caminha rumo a uma estrada, na tentativa frustrante de fugir da fazenda dos tios, e impedir que novamente alguém tentasse levar seu cãozinho embora novamente. No meio do caminho Dorothy encontra um adivinho charlatão que tenta enganar a menina se utilizando de truques de mágica. 

Dorothy, muito ingênua retorna para casa, mas não encontra ninguém. Ela acaba caindo em um sono profundo, e quando acordou, não estava mais no Kansas, mas sim, no Maravilhoso mundo de Oz. Em sua trajetória Dorothy acaba fazendo amizade com um grupo muito peculiar: um espantalho. Um leão e um homem de lata.

Filme

A história é fantástica, porem se torna ainda mais incrível com os efeitos especiais usados no filme. A história é dividida de forma inteligente e revolucionaria. No Kansas vemos Dorothy, sua tia, seu tio e os empregados da fazendo preencherem um mundo em um tom de sépia, com a imagem crepitando pelas deficiências técnicas da época. 

Mas ao abrir a porta, Dorothy e o telespectador são presenteados com um arco-íris de cores vivas e alegres graças ao tecnicolor. Com uma direção de arte impecável, os responsáveis pelo cenário e pelos figurinos foram incentivados a usarem o máximo possível de cores, para aproveitar todas as vantagens do tecnicolor. E assim somos presenteados com nascimento do cinema colorido

Diferente das histórias tradicionais, aonde um grupo trabalha junto em prol do mesmo objetivo, os personagens embarcam juntos em uma jornada a procura daquilo que lhes faltam para serem felizes; Enquanto Dorothy está a procura de um lar feliz e sem problemas, o Espantalho deseja um cérebro, um Leão busca coragem e o Homem de lata busca um coração. E todos acreditam que o mágico é o único que pode os ajudar.

Como os críticos interpretam os personagens

Alguns críticos, se não a maioria, interpreta os personagens como símbolos de temas políticos e econômicos dos USA. O Espantalho pode ser uma metáfora das péssimas condições de trabalho dos agricultores do Meio-Oeste, na grande depressão. O Leão covarde era uma caricatura do político William Jennings Bryan. O enferrujado Homem de lata pode representar a condição dos trabalhadores da falida indústria do aço.

O Mágico de oz de 1939 é o pioneiro dos filmes coloridos, produzido em uma época em que os filmes ainda eram feitos em preto e branco. Mesmo tendo se investido muito no orçamento do filme e não tendo arrecadado o esperado, 83 anos se passaram desde o seu lançamento, o filme ainda é considerado um dos maiores filmes de Hollywood, encantando gerações e gerações.

Autor Alisson Dias

sábado, 17 de dezembro de 2022

O GABINETE DO DR CALIGARI - EXPRESSIONISMO ALEMÃO

 O Gabinete do Dr Caligari - Expressionismo Alemão

Diretor: Robert Wiene

Ano: 1920

Hoje vamos falar sobre um clássico que inaugurou um dos movimentos mais importantes do cinema mundial; O Gabinete do Dr Caligari. Antes de qualquer coisa devo confessar que esse é o primeiro de muitos postes sobre cinema que abordará de forma aprofundada não só a obra, mas também a época em que o filme foi feito. 

Dito isso devo ressaltar que o cinema é grande em todos os aspectos da vida, pois existem milhares de filmes, cada um com uma linguagem diferente, cada um com uma história, cada um com seu próprio gênero, cada um com sua própria reflexão se comunicando com todo tipo de seres humanos. Muitos filmes nasceram a partir de um movimento importante dentro da história mundial.

Expressionismo Alemão

O expressionismo alemão é um desses movimentos. E para mim, talvez esse seja um dos movimentos mais importantes da história do cinema. O Expressionismo Alemão é um movimento que nasceu no pós-primeira guerra. 

A alma do homem estava devastada, e se existem sentimentos que inspiram a humanidade de forma que motivam os homens e fazem com que estes expressem de forma engenhosa o que os aflige ou os alegra, tais sentimentos são o amor, o ódio, a paixão e diversos outros, a lista é grande. E os artistas procuram expressar esses sentimentos através da arte.

Talvez você tenha ouvido falar do filme O Gabinete do Dr. Caligari. Talvez você até tenha assistido, e é possível que você tenha ouvido ou visto, mas não fazia ideia da importância desse filme dentro da história do cinema. O Gabinete do Dr. Caligari é um clássico da história do cinema e é um marco do Expressionismo Alemão.

O Gabinete do Dr. Caligari surge em uma das épocas mais densas da nossa história.  Em 1920 a Primeira Guerra Mundial já tinha passado, mas o horror ainda estava vivo não só na mente das pessoas, mas no mundo que havia sido devastado pela guerra. 

Todos enxergavam a feiura do mundo, porém só a arte encontrou formas de expressar o que a alma sentia; então surge o Expressionismo alemão: pinturas abstratas, maquiagens extravagantes, histórias sinistras de vampiros, lobisomens, mortos vivos, cenários bizarros, etc. 

O Movimento expressionismo alemão é o responsável por gêneros que hoje são o preferido de muitas cinéfilos. O terror, o horror, a fantasia só foram possíveis a partir do expressionismo alemão. Eu me arrisco a dizer que se tal movimento não existisse, provavelmente muitos dos filmes que existem hoje, sem sombra de dúvidas existiriam.

Para assistir O Gabinete de Dr. Caligari, primeiro é preciso entender que nada é o que parece. O filme começa com dois homens sentados em um lugar semelhante a um bosque; Francis o protagonista está conversando com um senhor, quando uma mulher passa por eles. 

Francis então diz ao colega que aquela era Jane e começa a narrar sua história. É a partir desse ponto que o filme de fato se inicia. Na pequena cidade da história narrada por Francis; ele e seu amigo Alan vão a um show de um homem que exibia seu sonâmbulo; o homem era Caligari, e seu sonâmbulo Cesare. 

O pobre Alan tem a infeliz ideia de perguntar quando ele vai morrer, Cesare, o sonâmbulo então responde “Até a alvorada”. Para azar de Alan, o sonâmbulo acaba acertando, e ele é encontrado morto. A partir dessa tragédia o filme assume o suspense esperado. Francis horrorizado pela morte do amigo passa a suspeitar de Caligari e seu sonâmbulo e começa a stalkea-los. Certa noite sua amada Jane quase é sequestrada por Cesare que de acordo com Francis era manipulado por Caligari, mas é resgatada a tempo, tornando a trama cada vez mais intrigante.

Com cenários distorcidos cheios de casas, edifícios e ruas tortas; luzes fortes e a imagem preto e branco do filme conduz o telespectador por um cenário de loucura. As maquiagens peculiares, a interpretação histriônica dos atores, contribuem para a imersão da ilusão que o telespectador se encontra. 

É brilhante como somos conduzidos ao primeiro final surpresa da história do cinema; o famoso Plot twist. Para quem não sabe, se trata daquela reviravolta no final da trama. Primeiro.

Todos os elementos da trama usados de formas engenhosas pelo diretor tem o poder de fazer com que o telespectador acompanhe a história de amor entre Francis e Jane. Além de torcer para que Francis descubra quem matou seu amigo Alan e derrote o temível Dr Caligari. Caminhando para o fim, Francis segue Dr Caligari e descobre que homem era o diretor de um manicômio.

O Dr Caligari acaba sendo pego e seu plano descrito em um livro acaba sendo descoberto. Porem a cereja no bolo é que realmente Francis estava certo; Caligari era o diretor do manicômio, mas isso não significa que Francis estava certo sobre o resto, nem mesmo sobre a veracidade de sua história, já que as pessoas de sua história, assim como ele eram pacientes desse mesmo hospital de doentes mentais aonde Dr Caligari era um respeitado diretor.

Deixe seu comentário e nos diga o que você acha desse clássico do cinema.

Autor Alisson Dias